A histeria despolitizada com a falta de água; ou a velha e boa manipulação da mídia

A histeria despolitizada com a falta de água; ou a velha e boa manipulação da mídia

Quando a vaca foi pro brejo (sem água) de vez, assistimos a uma sutil, mas como sempre bem orquestrada, despolitização dos fatos. De umas semanas para cá, a questão da água, ao ler a grande mídia, não é mais um problema do Estado de São Paulo, mas do Brasil, senão do mundo. Sutilmente, editoriais e colunistas começam a "despolitizar" a questão no âmbito estadual, para "politizá-la" no âmbito mais geral. São todos culpados, do prefeito à presidenta, o que dilui, evidentemente, as responsabilidades. Que ninguém se engane: a água no mundo está se tornando escassa, mas o que temos aqui é mesmo um problema local: o colapso total da (des)política de gestão hídrica capitaneada pelo Governo do Estado e pela Sabesp. E não adianta mais nem chover.

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Por que opor-se a usinas nucleares? Da inquietação ao pânico...ou à indignação? por Chico Whitaker

Por que opor-se a usinas nucleares? Da inquietação ao pânico...ou à indignação? por Chico Whitaker

Como ando meio deprimido com a discussão urbana, tanto no âmbito federal quanto no municipal (para não falar da questão da água no âmbito estadual), posto hoje um texto sobre outro tema: o da energia nuclear.

Talvez porque estejamos todos embrenhados nas nossas lutas cotidianas, pouco damos atenção para a discussão sobre a matriz energética brasileira. A ideia de que somos um país privilegiado pelas águas (que está literalmente indo pelo ralo) faz com que achemos que a questão está resolvida com as hidrelétricas, e que se necessário teremos a incrível energia nuclear para "complementar". Por isso, obras como Belomonte ou como Angra 3 - a nova unidade da já patética usina nuclear de Anga - são vistas com bons olhos e geralmente assimiladas a um "desenvolvimentismo necessário".

Porém, a verdade é que a tecnologia nuclear está à beira de um colapso. Se acidentes como o de Chernobyl  ficaram meio na surdina, pois ocorreram para além da então existente cortina de ferro (sem contar as centenas de outros acidentes não divulgados na ex-URSS), o advento de Fukushima, em 2011, escancarou para o mundo a extrema fragilidade e o perigo monstruoso dessa tecnologia: milhares de mortos e de condenados à morte nas próximas décadas, contaminados invisível e sorrateiramente por uma irradiação que não deixa marcas, mas "adere" à tudo - água, plantas, ar, poeira - e sai deixando um rastro trágico.

Não bastasse o risco de um acidente pavoroso - como ao colapso dos reservatórios contendo milhares de litros de água contaminada - que provocaria a morte não de milhares, mas sim de milhões de pessoas, a "nuvem" radioativa já afeta uma ampla região no japão, dissimulada a todos custo pelas autoridades.

Como ativista pela cidadania que é, meu pai, Chico Whitaker, lançou-se em essa nova empreitada: fazer ver à população brasileira os perigos dessa tecnologia, e conseguir fazer que o governo abandone a ideia suicida de Angra 3.  Muito embora a Alemanha esteja ela mesmo abandonando o nuclear, o acordo de "transferência de tecnologia" para a construção de Angra 3 continua valendo. Para os outros, vale vender um projeto que põe em risco (já o faz com Angra 1 e 2) milhões de moradores da região Sudeste do país.

Meu pai esteve no Japão no ano passado. O relato que trouxe de lá, que em breve estará acessível, é estarrecedor. Há uma operação em curso para esconder uma tragédia sem precedentes, em nome dos interesses políticos do governo e econômicos das empresas implicadas. Um escândalo.

Reproduzo aqui um texto seu, curto e muito didático, sobre a questão do nuclear. Um debate que precisa ser lançado.

João Whitaker

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Um balanço do primeiro ano da gestão Haddad

Um balanço do primeiro ano da gestão Haddad

A última reunião do Conselho da Cidade, aquele fórum criado pelo Prefeito Fernando Haddad com 100 lideranças de São Paulo, convidados dentre os mais variados setores e de amplo espectro ideológico, foi uma boa ocasião para um balanço da gestão do prefeito neste primeiro ano. 

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Empalidecendo o Plano, por Valter Caldana

Meu querido amigo e grande urbanista Valter Caldana complementou meu texto anterior, sobre a Cota de Solidariedade. Mostra mais uma sacanagem escamoteada na lei, que eu desconhecia: a mudança de "área construída" por "área computável", que simplesmente eleva para 40 mil m² o tamanho dos empreendimentos sujeitos à Cota de Solidariedade. Caldana é generoso, fala em "empalidecimento". Eu diria que é anulação mesmo. Com essa cereja no bolo, a lei simplesmente não vale mais para nada, nunca será aplicada. Pelo menos nos serve pedagogicamente para entender o que é o patrimonialismo na prática. Publico aqui o artigo do Caldana (no original, clique aqui)

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O patrimonialismo e as leis facultativas: o caso da Cota de Solidariedade em São Paulo

No Brasil, há leis que pegam e leis que não pegam, como gosta de lembrar a urbanista Erminia Maricato. Via de regra, funcionam, e muito bem, as que favorecem os grupos dominantes, enquanto são esquecidas no fundo do baú as que possam ter algum potencial de enfrentamento das nossas desigualdades, e assim, favoreçam os mais pobres. No caso do novo Plano Diretor de São Paulo, tivemos um exemplo de como as leis “se adaptam”, no caso delas ameaçarem os poderes constituídos, para evitar que sejam aplicadas em seu sentido original. É a tal “Cota de Solidariedade”, que gerou uma figura jurídica interessante, que o urbanista Flávio Villaça chama, com precisão, de “lei facultativa”. 

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O hotel que nunca foi hotel ou quando Estado e Judiciário se unem para promover o apartheid urbano

O hotel que nunca foi hotel ou quando Estado e Judiciário se unem para promover o apartheid urbano

foto do site http://www.edificiosabandonados.com.br/

Nesta semana, a cidade de São Paulo viu pela enésima vez o seu centro transformar-se em praça de guerra. Guerra de um só lado, como os grandes exércitos que pelo mundo massacram populações indefesas. Nosso exército é a PM, mandando bombas e balas de borracha em mães com bebês no colo, crianças em cadeira de rodas, idosos. Esses são nossos grandes criminosos, contra os quais o Estado mobiliza forças surpreendentemente numerosas e “eficazes” se compararmos ao flagrante fiasco desses mesmos “agentes da lei” na política de segurança pública e no combate o crime comum.

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