Prefeitura anula grande prêmio da Indy. A volta da lucidez.

Esta é uma nota rápida, para parabenizar a prefeitura pela decisão. A justificativa não podia ser mais direta e clara: a prefeitura não via interesse em gastar cerca de 30 milhões em um evento em que o retorno era menor, e prefere gastar esses recursos em áreas mais prioritárias como saúde e educação (faltou dizer também habitação!).

Há tempos venho apontando a incongruência da promoção desse tipo de evento. Custam muito caro, e ninguém põe na ponta do lápis os reais benefícios. Houve um ano em que em uma noite se gastou meio milhão para fazer ranhuras na pista para que os pilotos não saíssem batendo por todos os lados com a chuva, e outra edição, a chuva impediu a prova dominical e ela aconteceu em plena segunda-feira. Ninguém contabilizou os custos para a cidade de paralisar a Marginal e meia São Paulo com os engarrafamentos decorrentes.

Esses eventos sempre são uma disfarçada operação muito lucrativa para seus investidores privados. Mesmo assim, parece que nem tanto, já que neste ano a Band fez saber que não tinha mais interesse em arcar com a organização da prova. Alega-se frequentemente que eles valem a pena porque "aquecem a economia hoteleira e o comércio", embora também nesse caso nunca se tenha feito o cálculo exato do quanto isso ocorre.

Mas, sendo condescendente e aceitando que ocorra mesmo esse aquecimento, ainda assim, dado o pesado investimento público de 30 milhões, o que acaba ocorrendo é uma transferência desse dinheiro público para o aquecimento de um determinado setor privado, o da hotelaria e do turismo. É válido? É discutível: em uma cidade em que quase 4 milhões de pessoas vivem de forma precária ou inadequada, em que a cobertura de esgoto ainda não é total, em que há enchentes e filas em hospitais, há setores de maior prioridade para esse dinheiro.

Foi o que a prefeitura decidiu, sensatamente e sem temer as reações contrárias. 

 

 

PS: na mesma linha, foi louvável a anulação do contrato com a Controlar, que infelizmente a justiça impediu, pelo menos provisoriamente. O problema é a justiça e a mídia deixarem de fazer o discurso pseudo-ambiental para mostrar o lado caça-níquel desse contrato. 

Repito o que já disse: se carros de até 3 anos de uso (ou mesmo 5) não estão nos padrões de emissão, só pode ser por duas razões: ou são mal feitos, ou a gasolina é adulterada. Em abos os casos, a cobrança deve ir seja para as montadoras, seja para as petroleiras. Não para o consumidor de carro novo que, por lei, deve estar nas normas de controle de poluição, que não se modificam em tão curto prazo de tempo. O controlar é válido, mas para carros com mais de 5 anos de idade ou mais, quando a manutenção passa a ser responsabilidade do proprietário.