Os acontecimentos recentes exigem uma análise cuidadosa. Como se trata de um processo complexo, e confuso, é bom separar um pouco as coisas. Como disse um histórico militante da esquerda, Alipio Freire, nunca foi tão importante defender o mandato de Dilma, mas nunca foi tão difícil defender algumas de suas políticas. Ele tem toda razão, a polarização política promovida pelo PSDB – e eles estão certos, é seu papel fazer a disputa política que lhes cabe, aproveitando-se das fragilidades do governo – leva a uma situação desconfortável: se defendermos o mandato democrático, se nos opusermos ao caráter reacionário das manifestações, somos imediatamente tachados de “pró-dilmistas”, “pró-petistas” ou até de “petralhas”. Mas são coisas bem diferentes. Atacar a reação conservadora em nome de um processo de democratização e defender a vitória de um governo mais à esquerda do que o odelo tucano é uma coisa, que não obriga a dar um cheque em branco ao governo e muito menos a algumas de suas práticas. Porém, ao atacá-lo, deve-se situar com cuidado os avanços e os problemas, sem deixar cair na versão simplista e burra que o tucanato e a ídia querem construir, de que “é tudo corrupto e ladrão” ou que vivemos uma crise sem precendetes. Nem um, nem outro. Começo esta análise de conjuntura com um primeiro texto, atacando a reação conservadora. Continua o mais brevemente possível com a segunda parte, intitulada “O lulismo bateu no teto”.
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