Bozos, witzels, boslminions, milicias....os ferozes cães de guarda da nova ordem econômica

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Tempos difíceis.....

Hoje no trânsito, me pus a ouvir o "Fim de expediente", um programa de bom-mocismo da CBN. Não vou entrar no que acho do programa em si, do perfil de seus comentaristas, cuja palavra que melhor me vem à cabeça para definir é a de uma pseudo-assepsia política. São "neutros" para falar das coisas, como se isso existisse, meio que gabaritados por um tom de "bom-senso" parametrizado, é claro, pelo seu universo branco e rico que lhes permitiu provavelmente ótima formação, suficientemente "culta" para dar sapiência às opiniões ali emanadas. Um deles, Teco Medina, é formado em finanças pelo Insper e trabalha há mais de década no mercado financeiro. Esse é o pedigree.

Pois bem, foi dele a análise de conjuntura, falando dos acontecimentos da semana - marcada pelo "sonho" (sic) da Selic a 5% - e as previsões para a semana que vem que, segundo ele, será marcante para o país. Por que? Porque haverá o leilão de cessão onerosa do petróleo, a discussão do pacto federativo, e das reformas tributária e administrativa, tudo isso dito num tom positivo, de expectativa por grandes e desejadas realizações.

Fiquei pensando no quanto aquela análise dita com uma segurança de quem tem a certeza da verdade, no tom "neutro" da razão, mas contaminada por um posicionamento político escancaradamente liberal, representa bem o momento que estamos vivendo. Me explico.

Sobre a concessão onerosa para exploração dos excedentes do pré-sal, a repetição do fato de que a "o Governo vai ganhar uma bolada de 100 bi" (observe-se, para a Petrobrás irão somente cerca de 30 bi), e certa euforia com o fato de que o leilão será disputado por 13 empresas multinacionais. Nenhuma alusão, entretanto, ao fato de que esses 100 bi são fichinha ao lado dos 23 milhões de barris, num valor de cerca de 800 bi, que serão repassados ao cartel internacional do petróleo. Nem uma palavra sobre essa "pequena" polêmica, sobre a opinião dos sindicatos dos trabalhadores do setor, sobre a posição dos partidos de esquerda. Isso é tipicamente o jornalismo à brasileira, aquele feito diariamente pelos Sardembergs da vida, passando informações pela metade, que são na verdade opiniões com fortíssimo viés político.

Da mesma forma as reformas previstas foram apresentadas pelo "economista" de forma extremamente positiva. Parece até que o Bolsonaro irá pessoalmente ao Congresso apresentá-las, que o sujeito é um presidente normal e responsável (quando está tratando desses assuntos "sérios"), que existe uma boa conjunção de astros para sua aprovação, que estava mais do que na hora de se mexer na "confusão administrativa" brasileira, e assim por diante.

Quem ligasse o rádio nesse momento, até tinha a impressão de que vivemos num país civilizado, onde algumas reformas importantes estão sendo propostas, e um governo decente enfim as está tocando, cumprindo um ato cívico. Nenhuma menção ao teor dessas reformas, ao que está sendo proposto, aos aspectos criticados, os interesses envolvidos. É tudo apresentado em um manto de normalidade e civilidade. Assim como se fez para as reformas trabalhista e previdenciária, verdadeiros crimes contra o país.

O interessante para esta análise é que, ao mesmo tempo, o trio de apresentadores, em vários momentos, se elevou contra os absurdos do presidente e sua família. Reforçou seu ar nacionalista e anti-imperialista ao brincar com certa seriedade sobre o fato de que eles eram contra o Haloween e a favor do Saci. Que esse era um "ato político", dito em tom de uma brincadeira politicamente correta, mas que no fundo dava aos apresentadores esse ar de "esquerda ilustrada e culta". Se são tão sensíveis para defender o folclore nacional vilmente atacado pelos modismo consumistas yankees, como poderiam ser conservadores quando falam das reformas ou do leião do pré-sal? Se são tão críticos à boçalidade do presidente e sua trupe de filhos-soldados, como poderiam estar errados em sua avaliação sobre as reformas que tanto precisamos? Entre são bom-moços, eles se chamam pelo apelido no ar (Teço, Zé, uma coisa tão típica da cordialidade brasileira), São legais, são gente de sucesso com simplicidade e modéstia, como você é eu gostaríamos de ser. Não precisam ser jornalistas de verdade e apresentar os fatos. Se estão dizendo que a concessão onerosa é boa, eles só podem ter razão.

É aí que mora a armadilha narrativa atualmente em curso. O Presidente Bolsonaro serve escancaradamente a um diversionismo útil, colocando-se como o tosco de plantão a destilar retrocessos civilizatórios que assustam e chocam a todas as pessoas minimamente pensantes, mas enquanto isso, um tsunami liberal vem varrendo o país e ninguém está lá a prestar muita atenção. Essa resistência às reformas é coisa de quem não entende das coisas, de esquerdistas iludidos. No fundo, o mesmo discurso do "mimimi" alimentado pelo bolsonarismo, mas neste caso em torno de questões menos escandalosas nas aparências, mas tão desastrosas quanto nos seus efeitos para a sociedade.

É esse o padrão de ação da ultra-direita ultraliberal, e não estou aqui falando dos bolsominions da vida, mas dos verdadeiros "players" (para usar o termo deles) que mandam no mercado corporativo: coloca-se na presidência um tosco qualquer, um imbecil com no máximo 3 neurônios, incapaz de falar duas frases concatenadas, que por causa disso justamente aglutina milhões de fãs tão toscos quanto, que formam um exército de brutamontes sem cérebro a defender qualquer bobagem que o sujeito fale. E haja bobagem: que deve-se metralhar a oposição, voltar ao AI5, que o Greenpeace boa fogo na Amazônia e outras ONGs ligadas ao Foro de SP soltam óleo nas nossas costas. Sem contar os gestos estapafúrdios, da indicação do filho idiota que dá tirozinho em selfie na frente do monumento aos direitos humanos da ONU para a embaixada americana, ou mesmo da briga deslavada entre eles, digna de estádio de futebol, que prende o país a cada nova baixaria. Paremos por aqui, senão não haverá papel para tanta imbecilidade.

Essa bobageada toda é boa para polarizar. Joga o país numa disputa permanente entre os civilizados e os brutos, e até mesmo os apresentadores bom-moços têm o prazer e o discernimento de colocar-se contra. Enquanto isso, o país vai sendo desmontado. A mesma estratégia vista nos EUA, onde um Trump, que tem um pouco mais de neurônios, faz o papel do selvagem de plantão. No fundo, essa é a bem-pensada estratégia do mundo corporativo, aquele que VERDADEIRAMENTE domina o que acontece ou deixa de acontecer neste planeta. Botem os palhaços para falar absurdos e polarizar a opinião pública. Pra isso serve um Steve Bannon e seus métodos. Mundo afora, tiram do poder até mesmo a direita elitista, aquela mais inteligente e maquiavélica que no Brasil vinha há 500 anos arquitetando as formas de manter-se dominante no país, fazendo os desejos do grande capital internacional. Nem dela se precisa mais. Ela foi ultrapassada pelos fantoches neonazistas em um by-pass fenomenal. Apesar de arquitetar um golpe em seus detalhes mais precisos, em vez de chegar ao poder como acreditava, levou uma surra, viu o golpe escapar por entre os dedos, e amargou seus 2% de votos. E, agora, não serve mais. Fica numa dúvida permanente se adere ao fascismo instalado ou se faz críticas pontuais à sua incivilidade, mais deixando passar em nome das reformas que na verdade eram da sua agenda. FHC é o melhor exemplo dessa turma. Está descartada. Não é mais necessária. Os bozos cumprem o seu papel, mas muito melhor.

Assim, enquanto nos contorcemos de dor de estômago com as canalhices dos palhaços de plantão, sorrateiramente o que realmente interessa vai acontecendo. Semana passada passou a lei que autoriza a privatização dos serviços de saneamento no pais. Um pouco antes, os primeiros leilões do pré-sal.E assim vai.

O que está em jogo, na realidade, e que está sendo dominado pleas grandes corporações, que destroem todo e qualquer vestígio do que seria alguma regulação pública em nome dos interesses do país e da sociedade (o que era o verdadeiro incômodo da era Lula-Dilma, mesmo com sua limitada radicalidade e seu centrismo) é o mercado milionário da educação superior (o da educação básica já foi tomado há tempos), da saúde, dos serviços básicos, do potencial geoestratégico espacial (a base de alcântara), a pouca tecnologia verdadeiramente competitiva (a Embraer) e, evidentemente, os bilhões do pré-sal, entre outras tantas coisas.

E isso, meus amigues, está sendo alegremente jogado no colo das grandes corporações, que agora dominam o cenário PRESCINDINDO da política real. Substituíram-na pela falsa política da pós-verdade e das fake-news, pelo fantoche pseudo-presidente que na prática não faz nada além de inflamar o país com declarações polêmicas e atos chocantes, criando diversionismos constantes para fazer-nos focar nossas energias no que na verdade não interessa. A genialidade maquiavélica dessa tática é que, se não fizermos isso, se não nos detivermos em barrar os arroubos neofascistas dos sujeitos, eles são tão maus que farão mesmo que prometem. E aí estaremos nas trevas. Não se esqueçam, é a turma das armas, da bala. Para eles, tanto faz matar Marielle ou atirar em escolas de um helicóptero.Não são fantoches inofensivos que apenas nos distraem. O trágico da manobra é que se não nos determos a enfrentar as trevas, as trevas virão, de fato. Pois essa turma de franco-atiradores que o mundo corporativo do grande capital encontrou para fazer o papel de cães ferozes é mesmo capaz de tudo. Até de matar, ao que parece.

Então, enquanto isso, o país é vendido. Literalmente. Ou melhor, entregue, e de graça. E os letrados apresentadores do jornalismo bom-moço, enquanto se espantam (ainda assim com discrição) contra os cães ferozes, sutilmente alavancam, sem falar nada nem explicar nada, o que os Guedes da vida arquitetam para, efetivamente, acabar com nossas esperanças.

Tempos difíceis estes.