O prefeito tem razão: há algo de contaminado no ar da inspeção veicular!

A prefeitura parece ter começado a negociar com a Câmara Municipal as regras para uma reformatação da inspeção veicular.

Não há como se fazer de bobo: como bem disse o prefeito Haddad em sua campanha, essa operação, sob a digna roupagem da preservação ambiental, havia se tornado (mais uma) operação “caça-níquel”. Estes dias, o prefeito disse que não era possível fazer um sistema de controle com uma empresa "ficha suja". Sabe-se que a empresa que ganhou o direito de fazer o serviço é braço de uma grande empreiteira. 

Ouvi histórias que beiraram o absurdo: um senhor com um carro de três anos de uso, uma Pajero de fabricação nacional, o levou várias vezes sem conseguir ser aprovado, tendo a cada vez gasto um bocado para acertar seu motor, além de pagar nova taxa na terceira vez. Na quarta, passou com larga folga. Ao indagar por que tão de repente seu carro ficou bom, se ele não havia mexido em tanta coisa assim, obteve a resposta: “ah, senhor, é que os parâmetros desse modelo estavam errados na nossa tabela, agora foram corrigidos”. Um serviço que botava panca de primeiro mundo mas que mal escondia sua real intenção: alimentar um negócio milionário para a prefeitura.

Agora, corretamente, o novo prefeito quer botar ordem na coisa. Ou seja, tentar transformá-lo em um sistema realmente voltado à fiscalização de veículos poluentes e fora das normas. Fico vendo caminhões e ônibus, à diesel, soltando tanta, mas tanta fumaça por aí que me pergunto como se dá a fiscalização dessa frota.

Nos carros, quanto mais velho, mais tende a poluir, infelizmente. Para aliviar o sistema e diminuir cobranças injustas, uma das iniciativas mais óbvias é a de liberar carros recém-produzidos, ou com apenas um ou dois anos de uso. Mesmo que isso beneficie quem mais tem dinheiro, e pode ter carro novo, parte-se do óbvio princípio de que, se foram fabricados dentro das normas legais, devem estar dentro dos índices de poluição legais. Não haveria porque inspecioná-los.

Porém, a resistência de parte da Câmara Municipal a qualquer mudança, para mim, soa estranha. A reação de alguns vereadores mostrou-os aparentemente bastante contrariados com as novas intenções do prefeito. Ouvi na CBN um deles citar um “estudo” (não ouvi mais referências sobre de onde vinha), segundo o qual, se fosse eliminada a fiscalização dos carros novos, “a poluição iria aumentar em 30%”.

Ora, se esse estudo for verdadeiro, a questão não é mais do Controlar, mas.....do Procon!!

Pois se os carros novos, sozinhos, quando não fiscalizados, produzem 30% a mais de poluição, quer dizer que o controlar estava barrando um bocado deles. Então, nossos carros novos saem da fábrica assim tão irregulares? De duas, uma: ou o estudo é uma invencionice, para fazer pressão contra as mudanças necessárias,  ou estamos diante de um escândalo na indústria automobilística! Vamos ao Procon! A palavra está com as montadoras, com os autores do tal “estudo”, ou com os vereadores que o citam. 

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